Blog

Tempestades devem ficar mais intensas com aquecimento global, preveem especialistas

by Casa das Bombas on 4 de fevereiro de 2015 No comments

Durante décadas, cientistas debateram se o aquecimento global não provocaria um crescimento generalizado na quantidade de chuvas no planeta – a hipótese é um tanto lógica, se levarmos em conta que o montante de vapor d’água acumulado na atmosfera será maior. O aumento de temperatura fará com que cresça também a evaporação nos oceanos. Mas pesquisadores do departamento de física da Universidade de Toronto descobriram recentemente que não haverá mudanças substanciais no nível de água das precipitações, mas sim em sua natureza e intensidade. Segundo os cientistas, as grandes tempestades tendem a ganhar ainda mais força e a ocorrer cada vez mais, enquanto as chuvas mais fracas devem minguar e se tornar menos frequentes.

“Em poucas palavras, tempestades poderosas serão fortalecidas à custa das mais fracas”, explicou em um comunicado Frederic Laliberte, autor principal do estudo publicado semana passada na revista Science. A mudança deverá ocorrer devido a uma perda de eficiência na circulação atmosférica, processo natural análogo a um mecanismo gerador de calor que funciona da seguinte maneira: na medida em que vão esquentando, as massas de ar se movem em direção ao equador terrestre, e quanto mais quentes, mais úmidas se tornam. Ao chegar, começam a ganhar altitude e esfriar, provocando a condensação e a liberação de calor e, com isso, subindo ainda mais e puxando mais ar junto delas. O resultado, além de enormes tempestades, é a redistribuição de calor e umidade do equador em direção aos polos.

Os físicos criaram um modelo baseado nas leis da termodinâmica para analisar os efeitos do aquecimento global na circulação atmosférica, mais especificamente das mudanças que o aumento de vapor d’água deve provocar no ciclo. Com técnicas emprestadas da oceanografia, eles puderam simular cenários climáticos mais quentes e observar os impactos na circulação de ar pela atmosfera. “Nós desenvolvemos uma técnica melhorada para descrever minuciosamente como as massas de ar mudam conforme se movem do equador para os polos e vice-versa, o que nos permitiu atribuir um número à eficiência energética do mecanismo atmosférico gerador de calor e medir seus produtos”, explicou Laliberte.

A conclusão dos cientistas foi que a maior evaporação de água em um ar que ainda não está totalmente saturado de vapor torna o processo menos eficiente, limitando de forma irregular a circulação atmosférica. O resultado é que as massas que conseguirem atingir o topo acabam fortalecidas, enquanto aquelas que não conseguirem ficam mais fracas. “Nós acreditamos que a circulação atmosférica irá se adaptar a esta forma menos eficiente de transferência de calor e nós veremos ou menos tempestades como um todo, ou ao menos um enfraquecimento das tempestades mais comuns e mais fracas”, afirma Laliberte.

Fonte: Revista Galileu

Casa das BombasTempestades devem ficar mais intensas com aquecimento global, preveem especialistas

Related Posts

Take a look at these posts