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Imagens da Nasa mostram a situação crítica da falta de água em São Paulo

by Casa das Bombas on 21 de novembro de 2014 No comments

Esqueçam, por um momento, as enchentes que desalojam diversas famílias e causam inúmeros prejuízos todos os anos em São Paulo. Dessa vez, o problema está no outro lado desse espectro: a falta de água. A crise hídrica que atinge o estado há meses se agrava a cada dia sem chuva – ainda mais quando o necessário seriam chuvas torrenciais – e a população já sente em casa os efeitos disto. O Sudeste brasileiro está passando por uma das piores secas em décadas e situação é ainda pior no maior estado e na maior cidade do país. O total de precipitação para o ano está de 300 a 400 milímetros abaixo do normal e o Sistema Cantareira atingiu na última segunda-feira, dia 20, 3,6% da sua capacidade de armazenamento. O Sistema Cantareira é o maior dos sistemas administrados pela Sabesp, destinado a captação e tratamento de água para a Grande São Paulo. É um dos maiores do mundo, abastecendo 8,8 milhões de pessoas. Todo o complexo é composto pelas represas de Paiva Castro, Cachoeira, Atibainha, Jacareí e Jaguari.

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O Operational Land Imager no satélite Landsat 8 da NASA registrou estas duas imagens em cor natural do reservatório Jaguari. A imagem de cima mostra a área em 3 agosto de 2014 (a visão sem nuvens mais recente do Jaguari); e a segunda imagem mostra a mesma área em 16 de agosto de 2013, antes do início da seca atual. Mesmo em 2013, o reservatório já parecia estar rodeado por uma marca mais baixa nas bordas. A água também está em um tom verde-azulado mais claro em 2014 porque está mais rasa, com sedimentos do fundo do lago alterando a cor da superfície da água.

É importante destacar que atualmente a situação está ainda pior, visto que, nos dois meses desde que foi registrada a imagem deste ano pelo Landsat, o nível dos reservatórios continuou a diminuir, com sua capacidade indo de aproximadamente 12% para 3,6%. A seca começou no último verão, quando as altas temperaturas castigaram o Brasil todo e o estado de São Paulo recebeu entre um terço e metade de sua quantidade normal de chuva durante o que deveria ter sido a sua temporada mais chuvosa. Nos sete meses seguintes, a precipitação foi aproximadamente 40% do normal.

Em toda a região sudeste, a produção de culturas importantes, como café e açúcar, está em declínio e os cidadãos estão enfrentando interrupções periódicas no abastecimento de água, mesmo que as autoridades locais não tenham instituído medidas firmes de conservação. “O clima da região é sazonal, com verão chuvoso e inverno seco, e a seca se estendeu durante a estação atual e a estação chuvosa passada”, observou Marcos Heil Costa, cientista climático da Universidade Federal de Viçosa. “Para piorar as coisas, o início da estação chuvosa, que geralmente acontece no final de setembro ou início de outubro, ainda não aconteceu”.

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“Na temporada chuvosa, o padrão [de redução de chuvas] foi observado no passado, embora a intensidade deste ano seja sem precedentes”, acrescentou Costa. “Na temporada de seca, coincidência ou não, o padrão é exatamente o que foi previsto pelo IPCC para um clima mais quente. E agora está claro que nossas políticas de gestão dos recursos hídricos são insustentáveis. Nenhuma cidade no sudeste do Brasil parece preparada para lidar com uma seca como esta. É uma mistura de falta de preparação para os baixos níveis de chuva e a falta de educação ambiental da população. A maioria das pessoas continua a usar a água como se estivéssemos em um ano normal”.

O arquiteto Gabriel Kogan, mestre em Estudos Urbanos de Água pela TU Delft, da Holanda, escreveu um artigo listando dez mitos da crise hídrica atual.

Fonte: Hypescience

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